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O assalto - Conto

Subi a pé a rua que cruzava o Beco dos Corcovas. Eu morava naquela pedaço por cerca de dez anos. Contava 40 anos e tinha decidido sair de lá. Conheci Magdalena e fomos logo pra cama. ela gostava de caras magros. É verdade que eu não tinha muito corpo, tinha os ombros curtos e pernas compridas quase sem carne, no entanto tinha uma cara legal. Magdalena ficou comigo por um bom tempo, ela me dizia que minha transparência em nosso relacionamento era o que a deixava satisfeita. Tentamos ter um filho sem nos casarmos, não sei  se era desculpa para nos casarmos, mas o bebê nasceu morto, Magdalena ficou muito triste, depois disso nunca mais tocou no assunto. 

Quando se tem quarenta anos sua mente fica resolvida em relação ao seu caráter para além de todas as vontades que se reprimia, havia um bom juízo de valor e de vez em quando arriscava algo novo com Magdalena quando transávamos e entre um passo e outro tramava um assalto. Inclusive, Magdalena de 35 anos de muita carne e arrogância uma vez me disse que se quisesse seria atriz porno, iria ganhar muito dinheiro fazendo filmes adultos e me levaria para morar junto dela, foi quando percebi que ela me amava. Seu caráter era um pouco vil e, às vezes, quando entravamos em lojas de conveniência ela roubava algumas latas de cerveja, e as colocava no fundo de sua bolsa. Nessa época, não havia tanta segurança como se tem hoje e da mesma forma que ela roubava as latas de cerveja, arriscava algumas visitas em velórios de pessoas desconhecidas.

Morávamos em uma quitinete alugada, havia um quarto, um banheiro e uma cozinha e do outro lado vizinhos. Do outro lado da porta que dava para um corredor havia mais portas. Do lado esquerdo havia um casal de homossexuais que se comiam  praticamente o dia todo, na frente uma moça que tinha toda a mobília disposta em apenas uma sala bem grande, parecia que tinha companheiro, pois sempre alguém a visitava. No final das contas, descobri que ela era uma prostituta.
Eu trabalhava meio expediente de meio dia  até as seis, ganhava metade de um salário, vivíamos com muito pouco, às vezes Magdalena trazia algum dinheiro oferecido por sua mãe. E era só com isso que nós virávamos.

Certo dia falei com Magdalena

- Ei Magda!
- Fale querido! Disse- me ela com ternura nos lábios
- Estou pensando em mudar de vida, te dar algo mais digino, você sabe o que merece?
Logo em seguida, ela virou seus olhos castanhos claros pra mim e me perguntou o que eu estava tramando.
- O que acha de tramarmos um assalto!!! Disse isso a ela olhando firme em seus olhos.
- Eu prefiro ser puta do que ladra. Me disse com muita veemência! Ela tinha todo esse apelo sexual, inclusive sempre estava querendo transar!

Magdalena me censurou depois disso, e não quis mais ouvir o que eu tinha a lhe dizer, fiquei sozinho, pensando sobre o assunto o restante do dia.Quando percebi já era de noite, Magdalena havia saído e eu estava deitado sob os lençóis da cama de uma cama de casal. Fui até a cozinha e peguei umas caixas de fósforo para ascender meus cigarros, ainda continuava a pensar sobre o assalto.Não tirava isso da cabeça, foi quando Magdalena chegou com uma amiga. Me apresentou sua amiga Consuelo.

- Olá querido!
- Conheci Consuelo, enquanto fui a casa de minha mãe. Ela está noiva do meu irmão. Eu estava apenas de cuecas, foi embaraçoso, mas mesmo assim não perdi a classe, lhe dei logo um abraço e voltei para o quarto!
- Daqui a pouco saiu, deixa eu só colocar uma calça! Enquanto isso Magdalena e Consuelo conversavam. Eu saí do quarto, puxei uma cadeira pra mim e fiquei ouvindo elas falarem sem parar enquanto fumava um cigarro!

Depois de de uma hora conversando, eu decidi cutucar a onça com vara curta e disse:

- Olha só Consuelo, eu estou tramando um assalto, sei que você e seu noive não tem muito dinheiro sobrando e então, pensei em colocar vocês dois junto comigo e a Magda. Consuelo olhou friamente pra mim, como se duvidasse de minha capacidade, foi então que Magdalena entrou no discurso.
- Olha só Consuelo, eu disse pra ele que isso é loucura, tá? Consuelo ficou sem responder por um período de segundos, e soltou a voz
- O que vocês estão planejando roubar? Magdalena notou o interesse da amiga e ficou surpresa. Foi ai que eu disse:
- Magdalena tem costume de ir a velórios de pessoas desconhecidas, eu há muito tempo estou planejando sair dessa fossa onde moramos. Se a gente conseguisse assaltar um velório muito cheio e seguíssemos assaltando velórios repentinamente, renderia um bom dinheiro.
- Mas, homem do céu, as pessoas em velórios não vão com dinheiro. Disse Magdalena! Então eu disse!
- Vamos assaltar enquanto os carros estão nas ruas, a gente rouba um carro, e no próximo rouba outro, depois vendemos para um qualquer.
- Aqui no beco dos corcovas tem muito gente querendo comprar carro!
-Então você quer assaltar um carro! disse Consuelo!
- É isso ou vocês trabalharem como prostitutas. Disse sério olhando a fumaça do cigarro subir para o teto da quitinete e se espalhar.

No dia seguinte, Consuelo acordou, ela havia dormindo em um colchonete, logo em seguida Magdalena acordou e me acordou com o barulho que fazia.Fomos pra cozinha  comer e depois disso voltamos pra sala. Consuelo já estava de saída.

- Eu já estou de saída, iriei falar para Marcos, meu noivo e ver se ele topa!
- Não tenha pressa. Eu disse, logo depois de mim Magdalena desaconselhou Consuelo, dizendo:
- Não entre nessa ideias, ele é maluco!

Consuelo saiu e depois de uma hora eu também saí, fui para o trampo de meio expediente. Quando cheguei depois das seis, Magdalena estava deitada, só de calcinhas na cama, fui logo pra cima dela.

Depois de dois meses Consuelo retornou, já havia se casado e agora pensava realmente em assaltar carros de velório.Eu expliquei pra ela o que iriamos fazer, disse que enquanto os carros estavam com o pisca alerta bem devagar, chegaríamos no último carro da fileira, não teria como ela acelerar o carro e todo o restante dos carros iriam em bora, enquanto o último era assaltado. Magdalena iria para o velório e observaria se notaram alguma coisa e depois disse:
- Eu e você vamos com duas armas que tenho guardada aqui na quitinete, nunca pensei em usa-las, as guardava apenas por segurança, pois o Beco dos Corcovas era bem perigoso.
Ela topou fazer parte da história, e deixamos Magdalena procurar um velório para então fazermos o assalto.

No dia que fizemos o assalto, Magdalena vestiu uma roupa preta e seguiu a caminho do então velório. Ela descobriu que um Marajá com muita fortuna havia falecido e a família abastada iria acompanhar o cortejo até o lugar
- Só vai haver carros importados, são todos ricos! Me disse.
-Eu disse a ela para tomar cuidado, enquanto limpava e carregava a arma de Consuelo ,e logo em seguida a minha
Fomos a pé na rua e com as armas dentro das calças, Consuelo usava um tomara que caia e uma calça jeans bem  apertada. Eu fui de camisetas e uma bota .Caminhávamos no meio fio e se via atrás o cortejo se aproximando!
- Fique atenta Consuelo, os carros jã estão vindo!
- Estou super nervosa.
Mais a frente os carros começaram a se enfileira perto de um sinal de transito, foi nesse momento que pulamos na frente do último carro e apontamos a arma. O restante dos carros começaram a se preparar para arrancar e o último era abordado por mim e Consuelo.
- Saiam do carro, disse eu e a Consuelo!!
Eles não se mexiam e já começava a abrir espaços entre os carros, mas como eram muitos demorariam mais uns 30 segundos.
-Saiam do carro! Apenas os carros do velório e algumas poucas pessoas estavam na rua!
- Pensaram que estávamos vendendo algo durante o intervalo do sinal!

Foi quando Consuelo se desesperou e deu um tiro na janela, quebrando o vidro  e pegando de raspão nas coxas da moça que ia ao lado do motorista. Depois disso, eles se renderam, abriram as portas do carro e saíram. Os carros agora estavam um pouco a frente, mas ninguém olhou para trás. Depois de descerem, um homem de cabelos lisos em um terno preto e a moça com um vestido bonito das cores cinza e preto ficaram no meio da rua. Nós pulamos no carro , e eu saí dando marcha ré para me distanciar dos donos do carro, não havia ninguém atrás, depois acelerei pra frente e passei o sinal cortando os carros do cortejo.

Quando paramos no Beco dos Corcovas, Magdalena já estava em casa. Ela desceu pra ver o carrão que havíamos roubado, eu e Consuelo.
-Você deu sorte, queridinho! Me dando um beijo na boca bem demorado
-Como vamos vender isso? Indagou Consuelo
-Deixa que eu resolvo o resto!

Depois de três meses, eu e Magdalena tivemos um filho, com o mesmo nome que o meu! Nos mudamos do lugar que morávamos e compramos uma casa próximos a casa de  Consuelo e seu marido. Não roubamos mais nenhum carro!



Fim





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